segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Ramo Pioneiro


Mística do Ramo Pioneiro

            Ao se analisar o Ramo Pioneiro, percebe-se que o adestramento do jovem pioneiro constitui-se de etapas nas quais ele se prepara e faz ingresso na vida adulta. Para tanto, através de estudos, leituras, debates e reflexões, o jovem toma conhecimento de suas capacidades e começa a perceber e estruturar sua escala de valores com os quais norteará suas ações daí para a frente.
            O pioneiro é convidado a fazer suas descobertas, tanto individuais quanto sociais, de forma simples, alegre, mas séria, nunca se distanciando do Espírito Escoteiro, da Lei e da Promessa Escoteiras.
Atendendo à necessidade do Homem de transformar a vida em símbolos, é preciso que as atividades do Ramo se façam envolvidas por uma mística. Como o Homem faz sua história construindo um elo entre fatos passados, os presentes e os futuros, nada mais simples do que buscar, em algum momento da nossa história, situações que se assemelhem com a que vivemos atualmente no Clã para constituírem a Mística do Ramo Pioneiro.
            Foi marcante para a humanidade a época dos Cavaleiros, caracterizada pela busca do conhecimento, de novos limites, até mesmo territoriais, e quando os valores morais e religiosos eram muito fortes para a conduta dos homens. E, dessa época, lenda ou não, o que mais tem sido lembrado, histórica e literariamente, é a corte do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda.
Como em todos os fatos passados, não se pode distinguir mais o que foi real do que é fruto da imaginação literária, mas o que importa são os valores transmitidos e que podem servir de estímulo às nossas ações atuais. É o passado possibilitando a concretização do presente.
            Os Cavaleiros da Távola Redonda formavam um grupo fechado de jovens corajosos ligados por um código comum e tendo como objetivo a Busca do Graal, além da defesa dos fracos e oprimidos e a busca da justiça. Eles não foram os primeiros, na história da Humanidade, a sair em busca do Santo Graal (cálice santo, contendo a gota do sangue de Cristo, retirada por José de Arimatéia, e que tinha em si o prodígio da sabedoria, do conhecimento dos mistérios). Essa busca remonta aos antigos habitantes da Europa, os Celtas, que, através de seus druidas, procuravam a Cornucópia, que continha a riqueza da vida.
            No presente, na vida do pioneiro, também vamos perceber a busca que esse jovem faz para encontrar o conhecimento. Ele, como um antigo cavaleiro, se aventura por novos caminhos, norteado por um código (Lei Escoteira e Virtudes Pioneiras) e com um lema a seguir: Servir.
            Diante da semelhança, nada mais natural que se adote como Mística do Ramo Pioneiro a época e os costumes dos Cavaleiros da Távola Redonda. Tal fato não significa teatralizar os momentos místicos e importantes da vida do pioneiro e, sim, resgatar dos Cavaleiros os costumes e símbolos que são comuns a ambos. Dessa forma, um escudeiro, ao final de seu adestramento para se tornar um pioneiro, faz uma vigília (uma análise e um encontro consigo mesmo, preparando-se para assumir definitivamente o Servir e a Promessa Escoteira), como faziam os cavaleiros, num local que permita o silêncio e a paz necessários a essa introspecção. Após essa vigília, sentindo-se pronto, ele será investido pioneiro, numa cerimônia que poderá trazer dos antigos cavaleiros o clima de seriedade diante de um compromisso, a idéia de despojar-se de valores e atitudes em desacordo com esse compromisso, simbolizada pelo lavar-se na água pura, e a noção de honra que permitirá seguir a Promessa Escoteira, dedicando-se a fazer o melhor possível para cumprir seus deveres para com Deus e a Pátria, ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião (Servir) e obedecer a Lei Escoteira. Como em todas as atividades escoteiras, o pioneiro vestirá seu uniforme ou traje escoteiro e será
investido por seus mestres, diante de seus irmãos pioneiros, já investidos.
            Ainda dos antigos cavaleiros, constituindo mais um símbolo da Mística do Ramo Pioneiro, resgata-se a "Távola redonda" e cria-se a Mesa Pioneira, sempre circular para poder receber, sem distinções, os pioneiros que passam a fazer parte do Clã e exibindo a inscrição das Virtudes Pioneiras que são, no presente, a súmula da Lei Escoteira e, por coincidência ou não, formavam, no passado, o conjunto das virtudes dos cavaleiros.
            Como os primeiros homens, os pioneiros devem ter um local onde se farão os encontros do Clã. Esse local é chamado Caverna do Clã e, nele, os pioneiros guardarão suas tradições. A Caverna é mais um item da Mística do Ramo Pioneiro e representa o próprio Clã, ao mesmo tempo que simboliza à volta ao útero materno, à volta para dentro do próprio eu para que se encontre o conhecimento, a verdade interior de cada um, única forma de se conquistar a
felicidade mencionada anteriormente. A Caverna é, portanto, esse local ideal para a aventura da busca do Graal individual que o Programa Pioneiro, se bem executado, permite que se realize. Deverá conter os símbolos escolhidos pelo Clã para representá-lo, ou seja, símbolos que sejam realmente significativos à vida do Clã e estejam de acordo com as características de seus pioneiros.

Retirado de http://www.escotismo.org.br/html/pioneiro/mistica.htm